

Desde a chegada da televisão ao Brasil, a programação infantil tem seu espaço na telinha. Um dos primeiros programas de sucesso foi o teleteatro Fábulas Encantadas, em 1952, pela TV Tupi, primeira emissora do país, a mesma que mais tarde adaptaria o Sítio do Pica Pau Amarelo, de Monteiro Lobato, para a TV.

Ao longo dos anos, tiveram ainda muitos programas infantis importantes e de êxito. A TV Cultura, por exemplo, bem sabe o que é produzir sucessos para crianças, como Glub Glub, Bambalalão, Catavento, Rá-Tim-Bum e Castelo Rá-Tim-Bum.
Ao observar o sucesso obtido pelo Castelo desde a década de 1990 e, inevitavelmente, comparar com as atuais produções infantis, é natural se questionar porque os demais programas não alcançaram o seu patamar.

Fernando Gomes, responsável pelos personagens Gato Pintado, Relógio e Fura-bolos, do Castelo, contou que a referência e expectativa que o programa causou em seus sucessores e a falta de continuidade na gestão da TV Cultura dificultaram a criação de novas produções como ele. “O que aconteceu foi que o Castelo Rá-Tim-Bum, quando acabou, criou um estigma muito grande dentro da TV Cultura. Cada nova gestão, sem mudar nenhuma, cada novo gestor da TV Cultura entrava e falava em seu discurso para a área infantil: ‘Vou fazer um novo Castelo Rá-Tim-Bum’. Virou prioridade das pessoas”.

A grande arte do Castelo, e que fez falta nos programas infantis seguintes, é que em tudo se aproveita para ensinar, ou seja, em nenhum momento, ele imbeciliza as crianças. Desde o Ratinho tomando banho até as histórias da Caipora; dos músicos da Pianola ao Gato da biblioteca: tudo traz algo novo para quem assiste. “Eu, no mundo dos sonhos, adoraria que as pessoas se lembrassem de que as TVs são concessões públicas e, acima de todos lembrando, eu adoraria que o Governo de lembrasse disso. Se o Governo estivesse um pouquinho mais preocupado com a educação e formação das crianças, eu acho que eles poderiam cobrar mais isso das emissoras”, completou Fernando.
Hoje, a falta de investimento para os programas também pesa para as emissoras não darem mais a importância devida às crianças. O merchandising voltado ao público infantil é questionável, já que, ao mesmo tempo em que lida com a vulnerabilidade de um público que não tem poder de compra, sua ausência dificulta ainda mais a produção.

O Castelo Rá-Tim-Bum tem elementos lúdicos, criativos e educativos em sua idealização e realização. Mesmo com um investimento maior do que o comum para a produção infantil, seus criadores provaram que os resultados são positivos quando se acredita na inteligência das crianças e se faz algo à altura para elas.